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quarta-feira, 4 de maio de 2011

Pelé é retratado sem emoção


Documentário que conta a história do rei do futebol é superficial

Juliana Vieira

Falta emoção. Esta é a impressão quee os primeiros títulos do jogador. De repente, a vida de Pelé começa a ser divididas por te fica ao assistir ao documentário Pelé Eterno de direção de Aníbal Massaini Neto (2004). Apesar de contar a trajetória do rei do futebol, o filme deixa a desejar quando o quesito é a narrativa.

O roteiro de José Roberto Torero podia ter sido melhor. No início, a trama parece ser linear, narrando o nascimento, a infância, o começo da carreira mas, como a vida afetiva fora de campo e a busca pelo milésimo gol, confundindo o espectador.

A história do rei do futebol narrada por Fúlvio Stefanini com texto de Armando Nogueira perde a grandeza e beleza, justamente, quando o ator principal entra em cena. Pelé aparece durante todo o filme narrando e comentando alguns de seus lances e principais momentos no futebol. Entretanto, não aparenta nenhuma emoção e na maioria de suas falas parece estar apenas lendo um texto.

Mais marcantes do que os depoimentos do próprio Pelé foram as falas dos companheiros de equipe e também dos adversários. Momentos que emocionam não só o público, como o próprio rei, que demonstra emoção no máximo duas vezes durante o documentário de duas horas de duração.

Um dos papéis do documentário é buscar aprofundar determinado assunto. Em Pelé Eterno, entretanto, a narrativa é muito superficial. Apenas apresenta de maneira reduzida, aquilo que a maioria da população já sabe e não busca aprofundar na vida do rei de futebol que poucos conhecem, por exemplo, seu relacionamento com a família.

Durante o documentário, imagens restauradas das jogadas de Pelé foram coletadas de emissoras de televisão e mostraram porque Edson Arantes do Nascimento é o maior jogador de futebol de todos os tempos. E se não fossem elas, a obra sobre a vida do Pelé seria reduzida a nada.

A trilha sonora do filme, produzida por Vicente Sálvia, foi muito bem trabalhada. A ideia de unir o samba aos momentos do futebol brasileiro não poderia ter dado mais certo, afinal samba e futebol parecem ter nascido um para o outro. Além disso, as músicas foram encaixadas durante o filme de maneira com que combinasse com a época, como a famosa canção “Pra frente Brasil” da Copa de 1970. Inclusive, por diversas vezes, é a música que eleva o clima o filme, quando este fica cansativo.

E fica cansativo porque quem assiste já espera o que virá a cada cena. Não há nada que surpreenda o espectador. Só aqueles que não conhecem Pelé e não entendem nada de futebol acham “Pelé Eterno” um espetacular documentário.

Ao contrário da trilha sonora, a sonoridade deixa a desejar. Por diversas vezes, os gritos e cantos dos torcedores na arquibancada parecem fora do contexto. Os sons (gritos e falas) que são acoplados a estes personagens não estão em sintonia, deixando mais do que claro que estes momentos não são originais.

Sem dúvida, a história mexe no emocional daqueles que são apaixonados por futebol, mas toda a emoção fica por conta das palavras de Armando Nogueira, na quase perfeita interpretação de Fúlvio Stefanini e das belas imagens. A combinação de palavras e interpretação leva o espectador a viajar no tempo e se sentir dentro das arquibancadas que vibravam com os perfeitos lances de Pelé.

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